Escrito por: Sérgio Souza Júnior, CUT-MS.
4º dia de greve: movimento cresce, 80% dos trabalhadores do Aquário cruzaram os braços, o impasse na mesa de negociação continua, é Pau na Gata!
Trabalhadores da construção civil repudiam presença do Choque na obra do Aquário.
Na manhã desta segunda-feira (28), o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campo Grande – MS (Sintracom-CG) realizou uma atividade de panfletagem e conscientização dos trabalhadores do Aquário do Pantanal. Uma obra faraônica, que tem orçamento de R$100.000.000 milhões de reais, que é de responsabilidade do governo do estado de Mato Grosso do Sul.
Diferente de todas as outras atividades, pelo menos vinte (20) policiais do choque e da policia militar estavam no local. Eles chegaram antes dos grevistas, por volta das 6horas da manhã.
Dirigentes do Sintracom-CG (filiado à CUT), rechaçaram a presença da polícia militar e do choque, que provocou um constrangimento por parte dos trabalhadores e dos grevistas. “O Choque não tinha necessidade aqui, o nosso protesto começou e terminou pacificamente, nas outras obras paradas não tinha polícia” afirmou Marcos Ribeiro Gonçalvez, diretor do Sindicato dos trabalhadores.
Na opinião de José Abelha Neto, Presidente do Sintracom-CG, “a presença do choque na obra do Aquário, demonstrou ser um erro do governo estadual. Nós ficamos indignados e sentimos nosso direito de greve ser prejudicado, os trabalhadores ficaram constrangidos de conversar com o sindicato. Ainda assim, a maioria pegou os panfletos, mais de 50 pessoas assinaram nossa lista de greve e depois, dentro do canteiro, pelo menos 80% dos trabalhadores pararam suas atividades, conforme o relato dos trabalhadores. Também foram paralisados os trabalhos na SERMIX, que é uma grande concreteira e a ausência dos caminhões de massa, logo pela manhã cedo, imobilizou o trabalho de grande escala em diversas obras”.
Caso SERMIX
Esta empresa é uma das grandes concreteiras da cidade e fornece o concreto, a massa, utilizada em diversos empreendimentos. Todos os dias pela manhã, dezenas de caminhões saem da planta para realizar suas entregas, logo, sem este material fundamental para o desenvolvimento dos projetos, as obras param drasticamente seu trabalho. A perspectiva do sindicato é que esta concreteira continue parada amanhã e talvez outras mais.
Composição da Mesa de Negociação
A segunda rodada de conversas entre representantes patronais e dos trabalhadores da construção civil, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho, aconteceu na tarde desta segunda-feira (28), no auditório do TRT.
Pelos trabalhadores, estavam representados o Sintracom-CG com seu Presidente José Abelha Neto, a advogada Jucineide Almeida de Menezes e Genilson Duarte, Presidente da CUT-MS. Pelo sindicato Patronal, Renato Marcílio e seu advogado Luiz Renato Adler estavam presentes. Pelo Ministério Público do Trabalho, estava o Procurador Paulo Douglas de Almeida e pelo TRT o Desembargador Nery Sá e Silva Azambuja.
Pagamento por fora
Em um momento de indignação, Abelha Neto afirmou que tem encontrado situações absurdas nos canteiros de obras, funcionários com férias vencidas e patrões que não efetuam esses pagamentos de direitos. A tal produtividade, que na verdade é um pagamento por fora, que força o operário a um nível de trabalho estressante, pago a ele (a) sem os benefícios trabalhistas, realizada, sobretudo pelas empreiteiras terceirizadas. Uma situação de alta exploração, que sofre essa categoria pelas “gatas” nome dado aos empreiteiros terceirizados.
O representante do Sinduscon admitiu essa situação “olha, o pagamento por fora é errado, mas o trabalhador tem consciência disso. O Sindicato não tem poder para impedir essa situação e os empresários que fazem isso, tem de arcar com as consequências”.
O Procurador do Ministério Público do Trabalho disse “nós temos que buscar um acordo, as empresas criam uma gordura para melhorar seus pagamentos, tanto que pagam por fora, pela terceirização, produtividade, porque retira essa parcela do trabalho de sua estrutura organizativa... a falta de um trabalho melhor remunerado afasta a possibilidade do setor também receber trabalhadores mais comprometidos, é fundamental fazer um debate sério, sobre um piso adequado, por exemplo, um trabalhador mal alimentado, não produz adequadamente”.
O Desembargador do TRT, Néry Sá, pediu que as partes viessem para a próxima reunião com mais tranquilidade e buscando um objetivo de se chegar a um entendimento sobre esta negociação. Ele também pediu que o representante do Sinduscon, dialogasse com seus pares e tratasse da “dimensão histórica deste debate e do custo do desenvolvimento para este país”.
Avaliação
Sobre a mesa de negociação, Abelha foi enfático ao dizer que ficou decepcionado com a proposta. O entendimento do sindicalista, a oferta foi tão ruim, quem nem sequer merecia ser alvo de debate de uma Assembleia dos trabalhadores.
“Nós oferecemos um percentual de 15% de aumento para serventes e pedreiros e de 10% para os maiores salários e também, um vale alimentação, no valor de R$150,00 reais para a categoria. Não vamos abrir mão de ter ganho real, nós estamos aqui pra defender esta classe tão sofrida, que tem o menor salário do país”.
Já os representantes do Sinduscon, ofereceram aumento de 7% para pedreiros e serventes. Assim ficaria um valor de R$1.070,00 para o pedreiro, por exemplo, e mais 6% para os salários mais altos, tais como mestres de obras.
O representante do sindicato dos trabalhadores chegou a propor de aceitar este índice, desde que fosse incorporado mais o valor de R$230,00 em Vale alimentação, dentro do holerite dos trabalhadores o que não foi aceito pelo patronal.
Mantendo o impasse, o Desembargador deu por encerrada a reunião, sem confirmar uma nova data para a próxima rodada de negociação. Você pode conferir a ata final, nas fotos no final da matéria.
Veja a lista de empreendimentos com ação da greve neste momento.
PLAENGE - Lechermant, Salvador Dalí, Varandas, Gaudi, Gardem, Liven.
MRV - Castelo de Luxemburgo I e II, Mônaco e São Marino.
BROOKFIELD - Sóter e Margarida
SOTEF - Próximo à Enersul.
SERMIX – Grande concreteira da cidade, localizada no anel rodoviário da capital, entre as saídas para Três Lagoas e Dourados.
A greve mobiliza mais de 10 mil trabalhadores na cidade de Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul e suas ações continuarão a ser realizadas até que um entendimento seja concretizado.
Veja um breve clipping das matérias da imprensa local.
http://www.dopovonline.com.br/ver_not?id=23699