O presidente do Sintracom de Campo Grande José Abelha, o vice-presidente da Conticom Luiz Carlos José de Queiróz, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de Corumbá e Ladário Rodrigo Aguilar de Andrade Macedo, e o presidente da Fetricom/MS Webérgton Sudário da Silva, visitaram as fábricas de cimento da Votorantim em Corumbá e na Bolívia.

 

Para Abelha, a visita faz parte das atividades do Módulo Formação do Projeto Ação Frente às Multinacionais na América Latina.  Abelha já cumpriu duas etapas do Módulo. A primeira foi em Buenos Aires na Argentina no mês de maio. A segunda etapa foi em São Paulo no mês de julho.

 

Nas fábricas em Corumbá e Bolívia, Abelha conheceu todo o processo de fabricação do cimento que começa com a mineiração do calcário, principal matéria-prima. O material é extraído das minas e depois armazenado. Nesta fase são recolhidas as primeiras amostras para serem analisadas no Laboratório de Qualidade.

 

Depois o calcário é moído com argila e aditivos específicos. A argila é um produto rico em sílica, ferro e alumínio, elementos essenciais para a qualidade do cimento. Do resultado desta mistura sai uma farinha que vai para o forno onde é aquecida e depois resfriada. O produto aqui é chamado de clínquer e vai então para um local onde é misturado com outras matérias-primas que compõem o cimento. Dependendo da porcentagem de cada produto, é obtida uma especificação de cimento.

 

“Por causa da crise econômica, a produção da Votorantim no Brasil caiu pela metade. Em Corumbá o processo de fabricação agora é só durante o dia e não mais 24 horas”, explica Abelha.

 

Apesar das dificuldades a empresa tem um compromisso social. “Os trabalhadores disseram que a Votorantim é como se fosse uma família. Dificilmente a empresa dispensa funcionários. Ao contrário, sempre valoriza o trabalhador e investe na qualificação para ter um produto final ainda melhor”, afirma Abelha.

 

A Votorantim em Corumbá emprega cerca de 120 pessoas, a maioria é contratada diretamente pela empresa, e por volta de 40 trabalhadores são terceirizados.

 

Segundo Abelha, a empresa oferece uma gama de benefícios como plano de saúde, e alimentação com restaurante próprio. “Vi a satisfação dos trabalhadores, eles têm orgulho de estar em uma multinacional”, comenta Abelha.

Abelha cruzou a fronteira e foi para a cidade de Yacuses na Bolívia, que fica a cerca de 70 quilômetros de Corumbá no departamento de Santa Cruz. A fábrica Itacamba Cemento foi inaugurada em fevereiro de 2017 e teve investimento de US$ 220 milhões.

 

“É uma fábrica muito moderna, toda informatizada. Para se ter uma ideia, os equipamentos do laboratório são tão eficazes que é possível fazer uma análise da qualidade do produto em 5 minutos”, diz Abelha.

 

A fábrica na Bolívia opera 24 horas por dia. “Na conversa com os trabalhadores também pude verificar que eles estão satisfeitos com a empresa porque ela forma o profissional”, afirma o presidente do Sintracom.

 

Na Bolívia, a carga tributária não é pesada como no Brasil. Em consequência disso, é possível modernizar a fábrica com equipamentos de última geração porque os impostos de importação são muito baixos. Com isso, o custo de produção também é menor.

 

“A tecnologia é muito boa porém gera problemas. Com máquinas eficientes diminui a quantidade de empregos. Sendo assim, uma parcela menor da população vai ter dinheiro para comprar o produto porque o robô não consome”, analisa Abelha.

 

O presidente do Sintracom também constatou as diferenças entre o trabalho no Brasil e na Bolívia. Segundo Abelha, a diferença de salário não é tanta na multinacional porque a Votorantim mantém um padrão de remuneração independentemente do país.

 

Mas a carga horária na Bolívia é diferente. São 48 horas por semana enquanto no Brasil, pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) são 44 horas.

 

A questão das férias é o que chama mais atenção. Na Bolívia, são 13 dias úteis por ano. Só depois de 5 anos de trabalho a pessoa tem direito a tirar férias de 20 dias úteis. Com 10 anos de serviço, aumenta para 30 dias de férias.

 

Tudo isto que observei vou levar para o terceiro Módulo de Formação do Projeto Ação Frente às Multinacionais na América Latina que será neste mês de outubro no México. “Neste curso, nós sindicalistas aprendemos que precisamos nos unir para traçar estratégias conjuntas em prol do bem-estar do trabalhador, não importa em qual país da América Latina”, finaliza Abelha.